Há uma Lisboa que atravesso de dia, a cidade das raparigas loiras e dos banqueiros e advogados, a cidade dos que querem vencer e que julgam que dançar é coisa contente que se faz nas luzes. Há uma Lisboa que é igual ao Verão sufocante. E passo por ela como passo pelo Verão interminável, para me reencontrar no abraço da noite maior. Inquietação do bronze!
A noite sabe fazer Outono das coisas todas que abraça, e nela Lisboa se refaz igual a mim. Meia-noite na Rua Rosa Araújo, na Rua Alexandre Herculano: das sedes mortas dos Bancos apaga-se devagar a metálica vibração das máquinas. Despertam as últimas casas, onde cada janela ainda é desigual. Um morcego dança à minha volta o inútil triunfo dos homens.
Há uma Lisboa feita de arcos de pedra. Há qualquer coisa em mim que sorri à dança breve do morcego.
3 Comments:
e há ainda uma outra lisboa, a das vidas subterrâneas, indiferentes aos fogos de artifício.
abraço, goldmundo
se tu o dizes...
O teu coração de dark lolita?? :)=
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