Venho agora do Bairro Alto, expulso como um cão. Tinha-me esquecido do que é aquilo nas noites em que toda a gente sai. Logo na primeira rua, o caminho barrado por duas raparigas vestidas de roxo, amarelo, verde e sei lá que mais. Tentei passar por um lado. "Desejo-te sexualmente mas odeio-te", dizia uma. Entrei num bar que me pareceu vazio e com uma luz tolerável. A música era própria para a festa de casamento do pai Simpson. Mas pelo menos não havia mais ninguém. Chegaram dois bêbados que me quiseram oferecer um copo, e saber se eu era do Benfica. Lá se foram embora, e eu fui para outro sítio: quatro estagiários do "Público" ou do "Expresso", não percebi bem, acharam que se podiam sentar quase ao meu colo enquanto explicavam uns aos outros que o "chefe" tem uma qualidade, é muito "agressivo". Lembrei-me de um sítio que talvez fosse melhor, e onde nunca tinha ido. Estava fechado. Cada vez se ouvia falar mais espanhol. E gargalhadas em espanhol é mais do que me apetece aturar hoje.
9.4.04
Alto Astral
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