Há uma palavra que deixou de ser usada para falar do que cada um de nós pode ser: forjar. Há cem, ou ainda há cinquenta anos, qualquer um entenderia se quisesse entender: a tarefa de cada homem é forjar uma alma. Talvez a Igreja nunca tenha gostado dela, e talvez tenha sido muito usada por gente má. Mas é uma palavra que faz falta. Forjar evoca o fogo e a noite e a espada e a mão inteira. Forjar evoca a nobreza e o gesto puro. E por tudo isso tem pouco lugar num mundo feito para coisas fofas. Eu sei que precisamos de ternura, e que é por isso que enchemos o mundo de coisas fofas. Mas são coisas falsas e breves, e não é disso que precisamos. Gostava de escrever uma história em que um homem soubesse forjar no fundo de si toda a ternura do mundo.
4.4.04
Notas para mais tarde (II)
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