31.3.04

Hoje

Há dias dizia a uma pessoa de que gosto muito sem conhecer que "as máquinas e os animais não gostam de mim". O meu gatinho tolera-me, penso eu, e não lhe peço mais nada porque eu é que gosto dele e assim é que está bem. Mas as máquinas?! O meu computador portátil está pela segunda vez a arranjar em dois meses; ontem avariou-se o meu telemóvel; em casa, duas lâmpadas estouraram quando as acendi (sim, aquelas a que só chego com um escadote, eu que não tenho um escadote...); o leitor de CD recusa-se a ler dois que me gravaram ontem e que queria ouvir; o velho microondas faz um barulho cada vez mais suspeito; o ferro não aquece o suficiente para passar a roupa. E a máquina que é o meu corpo também não anda nos melhores dias: febre alta e dores nos olhos, depois de uma ida ao dentista. Com tudo isto, um dia de atrasar coisas que devia ter feito. Frio. E, o que é pior, querer escrever e ler e precisar de ter os olhos fechados.

Com tempo e noutra altura, talvez dissesse isto de outra maneira:
Existe, Deus, nem que seja por um instante; o tempo para permitires que nunca chame bondade à minha fraqueza, razão à minha força, justiça à minha vingança, verdade à minha diferença, amor ao meu desejo, demónio à minha escuridão, deus à minha imagem.