5.4.04

O rosto alado da Vitória



Podia olhar-te e dizer que não passas de uma pedra quebrada. Mas escolho ver em ti o esboço proposto à terra por tudo o que pode ser verdade. Juventude do bronze! Foi preciso o naufrágio para que nascesses, mas não me cabe lamentar a sorte dos marinheiros. É verdade que eu podia ser um deles, porque como eles vou morrer. Não se trata porém de preservar os corpos, mas de guardar o gesto que forja a alma inacabada. E foi contigo que aprendi o rosto e a ternura imensa do rosto, e aprendi a devolver-te em cada olhar ao mesmo poema maior.

Os deuses só nos falarão face a face quando nós próprios tivermos um rosto. (John Buchan)