Hoje - pela primeira vez desde que tenho a Ribeira comigo - estou parecido com o que quase sempre sou. Uma espécie de maré baixa. Não é tristeza, é ver os sentimentos como se fossem coisas encontradas na areia sem me apetecer apanhá-las. Não é solidão, é sentir os outros perto demais, estando eu o dia todo num quarto em que não está ninguém. Não querer nada do que gosto (talvez música, se a pudesse ouvir aqui). É uma geral inesperança, que não é a mesma coisa que o desespero. E que nem sequer é inesperada em mim.
Há dias disseram-me, brincando, que "os escritores românticos escreviam para se deprimir; depois, os realistas para se desoprimir; os modernos para se exprimir, e os de agora para se imprimir". Não quero nada disto, e então o que faço aqui? Talvez reprimir. Ou suprimir. Ou subir isto tudo, até à nascente de todas as coisas.
Vou ver se consigo ver hoje o que me diz o meu mapa astral (há muito tempo que não sei como anda). Se houver coisas com interesse digo-as aqui. Talvez fizesse sentido pôr aqui coisas do dia a dia, mas eu nunca soube contar coisas que aconteceram, mesmo quando invento uma história. "Fui almoçar e estava uma luz terrível"?!
7.4.04
Damn (II)
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