21.6.06

Meu senhor tão sério, de fato e gravata,
venha olhar a lua feita toda em prata...

Venha olhar a noite feita de mistério,
meu senhor tão velho, meu senhor tão sério...

Guarde essa gravata de seda azulada,
feche-a num armário, deixe-a bem fechada...

Nem bengala de oiro nem botões de punho,
não precisa deles na noite de Junho...

Ainda vai a tempo, meu senhor sozinho,
saia à rua agora, deite-se a caminho...

A camisa branca, tão bem engomada,
troque-a pelo negro, não lhe custa nada...

E o par de sapatos ontem engraxado...
(Meu senhor, condiz com o caminho errado!)

Umas calças pretas, umas botas duras...
saia à rua agora, está tudo às escuras...

Venha até ao bairro de casas tão velhas,
troque o telemóvel por rosas vermelhas...

E na porta estreita com uma luz azul,
meninas de negro, meninas de tule...

Meu senhor calado, meu senhor tão só,
dance com fantasmas vestidos de pó...

Dance toda a noite, beba mais e mais,
brinde aos sonhos tristes, brinde aos seus iguais...

Que é feito do rosto que já foi o seu,
meu senhor tão novo de olhos cor de breu?

Que é feito das mãos que já foram as suas,
meu senhor tão simples de olhos como luas?

Que é feito das asas que um dia quis ter?
.................................................
(meu senhor vampiro, vai amanhecer...)

Vamos para casa, vai nascer o dia,
meu senhor tão velho, de alma tão vazia...

(- Diz-me, meu amigo, naquela janela...
um vulto tão lindo, poderá ser ela?...

Ai o fim da noite, tão igual a mim...
Diz-me, meu amigo, porque sou assim?...)

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"Ainda vai a tempo, meu senhor sozinho,
saia à rua agora, deite-se a caminho..."

caminhos misteriosos estes os da noite
caminhos tortuosos parecem sempre açoite

mas existe a dança, que se faz canção
dança que vem das rosas ainda em botão

rosas essas muitas, ainda por abrir
será que um dia o vermelho o fará sorrir?

sei que têm picos, sei que têm espinho
nunca lhos negarei, estão no seu caminho

mas abra bem os olhos, senhor tão sozinho
que as asas existem para nos dar destino

e essas mãos que entrevejo, sempre tão paradas
recordam-me o beijo de almas enamoradas

destino de deus, destino do mundo
que destino é este sr.goldmundo?

desculpe se faço perguntas demais
nunca serei nada, serei sempre o cais

cais de onde partem, os barcos do ribeiro
soltando em mim este grito inteiro!

e eu que não posso nem pedir, nem querer
pedia um desejo se pudesse ser...

sei que tem contactos com o Aladino
peço então que um dia não se sinta sozinho

(e pedir um dia - é só força de expressão...)
pois a noite pertence-lhe, pena que a mim não...

maria do mar

21/6/06 18:37  
Blogger Ariadne said...

Fico tramada com a pequenez das letras mas rende sempre ler-te até ao fim :)

Fica bem desse lado
Namasté

23/6/06 06:08  
Blogger Lord of Erewhon said...

Tu deves ser é a reencarnação do Van Helsing!!
;)

23/6/06 16:50  
Blogger katrina a gotika said...

Que coisa tão bonita.

12/7/06 05:07  

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