1.3.06

Aladino

- Sim, disse o Génio, três desejos. Podes ser rico, posso levar-te a Tumbuctu ou a Samarcanda, podes ser califa ou vizir ou um homem sábio. Três desejos.

- Bem, disse o Aladino, não sei se quero ir a Samarcanda e de certeza que não gostava de ser um homem sábio. Podes dar-me uma taça de morangos com natas?

E o Génio fez aparecer uma taça de morangos com natas.

- Que bom, disse o Aladino, com colher e tudo. De repente fiquei com medo de ter de gastar o segundo desejo a pedir uma colher. Não era preciso ser de prata, sabes?

- És um homem estranho, respondeu o Génio. Da última vez que me pediram morangos foi mais difícil, porque ainda não havia morangos no mundo. Tens mais dois desejos.

E o Génio fez uma vénia (uma génia, pensou o Aladino, que gostava de brincar com as palavras).

- Podes dar-me uma capa? Está um bocadinho fria a noite, e queria dar um passeio. Negra, sabes, com uma fivela prateada. Sempre quis ter uma assim.

O Génio fez aparecer uma capa mais negra que a própria noite, com uma fivela onde se podia ver um dragão que ao mesmo tempo era uma flor e ao mesmo tempo era uma canção de Inverno.

- Linda! Disse o Aladino, baixinho. Obrigado, Génio. Com isto não volto a ter frio.

- Dois desejos, respondeu o Génio, inclinando-se de novo. Muito fáceis até agora. Pensa bem no terceiro, é o último desejo que te posso conceder.

- Faz com que todos digam a verdade esta noite, disse o Aladino como se não tivesse a certeza. Todos e eu também, só esta noite. Mesmo que seja uma verdade terrível.

- Nunca me tinham pedido o fim do mundo, respondeu o Génio, e também falou como se hesitasse.

2 Comments:

Blogger Silvia said...

(arrepio)

2/3/06 00:17  
Blogger katrina a gotika said...

Eu ia adorar esse "fim do mundo". Já pensei nisso muitas vezes. Ia ser uma das poucas pessoas que se iam sentar, observar e rir às gargalhadas enquanto os outros se estrangulavam uns aos outros. Acho que nunca me ia divertir tanto na vida enauqnto o sangue escorria nas ruas.
Muito a sério.
A mim a loucura não ia afectar,
1) porque já sei dos outros
2) porque os outros de mim também já sabem.
Mas que ia ser hilariante, lá isso ia.
Porque me tentas com ideias tão saborosas?

4/3/06 06:54  

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