7.2.06

O mesmo poema

É dificil escrever assim, tão dificil. É dificil ser sempre dois, juntar as coisas que em mim separam. E nestes dias tenho andado tão triste.

Tenho que escrever aqui uma coisa só minha, hoje é tarde e hoje não pode ser. Acabo de escrever uma carta grande (um e-mail) e tudo se apagou no fim. Vi um filme em que eu entrava e não sabia que entrava. Tenho que falar de coisas que se passam no mundo à minha volta. Tenho que fazer tantas coisas e só queria ficar calado. E quieto.

Amanhã se puder regresso ao meu outro blog, o Maré Negra, e escrevo alguma coisa sobre as conversas que fui tendo em vários lugares sobre o casamento e a "homosexualidade" e o amor e deus e os contratos, eu que não queria falar muito de nada disso (prometi à Zazie, num post ali em baixo, e o que li noutros sítios não me deixa fechar os olhos). Aqui na Ribeira hei-de escrever a mesma coisa por outras palavras, por palavras que não são para mais ninguém. Não tenho tempo para fazer mais, e não tenho forças para fazer menos.


Escrevemos sempre o mesmo poema, dizia-me uma amiga há dias. Pois. E calamos sempre o mesmo poema também.

10 Comments:

Blogger Vítor Mácula said...

Mestre Gold.

A malta já comprou um John Player Special que está disponível na tasca ao lado de casa, não sei se por tradição se por reacção a este oh quanto ilegítimo aumento do custo deste porventura questionável hábito de afrontar a temporalidade com voláteis fumaradas :)

E aquilo ainda por cima é dum negro que brilha! ;)

Pronto e agora vou fumar um johnplayerzito e ler o post...

Abraço.

PS: Então o mister Chesterton na Maré vai começar a descer na página até porventura desaparecer arquivado?... Porreiro, porreiro...

7/2/06 11:53  
Blogger Vítor Mácula said...

E cá estou eu.

Mestre, os ecos do teu silêncio e murmúrios da tua ribeira dão luz ao meu calar e interrogam o meu dizer.

Lembro-me do outro dizendo que perante a morte só falamos com a nossa língua materna; e eu diria que perante a vida vivida, só calamos com a nossa língua materna.

E ainda me lembro dum terceiro, dizendo que acerca de Deus nada podemos dizer e simultaneamente nada podemos calar.

7/2/06 12:15  
Blogger zazie said...

por mim podes quebrar a promessa na maior. Acredita. O assunto não tem grande interesse
O que pode ter são as facilidades com que se tomam posições e se fazem acusações sem se pensar dois minutos sobre nada (isto não é indirecta para ti, é uma constatação minha)

7/2/06 13:20  
Blogger Goldmundo said...

obrigado, zazie :) mas não se trata só de promessa. Embora chegando a conclusões opostas (?) tambéma cho que não se pensa dois minutos.

E sempre é uma alternativa às benditas caricaturas do Profeta.

Vitor, abraço grande. De negro que brilha.

7/2/06 13:38  
Blogger zazie said...

pois eu balanço entre as caricaturas e o casamento gay ehehe porque o fenómeno parece-me idêntico- propaganda!

7/2/06 19:03  
Blogger Vítor Mácula said...

Mestre Gold!

Hoje ao beber o meu café da manhã, com o maço de John Player em cima da mesa, o que me salta repentinamente aos olhos: JPS! Caligraficamente desenhado a dourado no preto… Eh eh eh João Paulo II… A dourado!...

Bem, rendi-me totalmente a estes cigarros, bem que podem agora aumentá-los…

Negro brilhante, com um caligrama papal a dourado ecoando também a vida de qualquer João ser um jogo especial, e com uma remissão para a noção de origem (“original” diz a dourado sobre um “BLACK” a cinzento que parece indicar o tédio dos dias que passam…)… Uau!...

Eh eh… Abraços…

8/2/06 11:44  
Blogger Goldmundo said...

Vítor, já te avisei que não podes confiar em mim, não já? Por essas e outras.

Um abraço grande.

8/2/06 13:41  
Blogger Silvia said...

(só para deixar um abraço)

8/2/06 22:35  
Blogger Luz Dourada said...

Vim ver como estava a tua aura hoje...está um pouco acinzentada! Para quando menos peso em cima das costas e menos soluços no coração?
Beijinho,

8/2/06 22:39  
Blogger Fata Morgana said...

Se fizeres aquilo que queres vais descobrires que é exactamente o que não queres que fica feito... e será um alívio de muito pouca dura, mas um alívio.

"Escrevemos sempre o mesmo poema". "E calamos sempre o mesmo poema". É isso.

14/2/06 00:24  

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