na noite escura escreve o seu poema alado,
interminavelmente escreve, ensimesmada;
e não levanta os olhos, presos ao passado,
do seu caderno negro de escrita assombrada.
na noite escura as velas no quarto fechado
recortam sombras de asas de uma forma errada;
mas ela escreve sempre o poema inacabado
e um monstro cego ensina-lhe a escrever do nada.
sangra em silêncio e invoca a noite escura e enorme
e escreve alheia aos vultos que em incertos passos
da noite imensa acorrem ao poema informe.
adensa-se-lhe o rosto em fomes e cansaços:
mas não levanta os olhos, e sangra, e não dorme,
até que o estranho arcanjo durma nos seus braços.
[fotografia de katia chausheva]
11 Comments:
Poema a condizer com o momento cinematográfico do Porto. Parabéns pelo blog.Um abraço.
pois... :( só que eu estou a perder tudo, mais uma vez. Um dia hei-de voltar ao Porto.
Gostei de conhecer este blog.
Dá que pensar...
Um beijo
Gostava de saber quando voltas...
Oh lonellywolf sê bem-vinda!!! Já tinha sentido a tua falta!!! onde andaste?
um beijinho
Decidi fazer-te uma visita e gostei do teu blog.
Bjs.
Olá Gold!
Lindo o poema...e tu?
Beijos.
Luisa, m.m.:
Bem vindas... :)
Lonellywolf:
Pois. Nada é fácil...
Luz, há quanto tempo...
Andei perdida, Sophia... Resolvi vir ver se encontrava parte de mim.
Acho incrível que alguém tenha dado pela minha falta!
(Grata)
Beijo
Não, nada é fácil, Goldmundo... principalmente se não pudermos contar com ninguém!
Nem sequer com um «alô» de quem, um dia, foi o nosso melhor Amigo...
(Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades / muda-se o ser, muda-se a confiança... né?)
Obrigada pela distância.
ENVELHECER
Quanto mais envelhecia,
quanto mais insípidas me pareciam
as pequenas satisfações que a vida me dava,
tanto mais claramente compreendia
onde eu deveria procurar a fonte
das alegrias da vida.
Aprendi que ser amado não é nada,
enquanto amar é tudo.
O dinheiro não era nada,
o poder não era nada.
Vi tanta gente que tinha dinheiro e poder,
e mesmo assim era infeliz.
A beleza não era nada.
Vi homens e mulheres belos,
infelizes, apesar de sua beleza.
Também a saúde não contava tanto assim.
Cada um tem a saúde que sente.
Havia doentes cheios de vontade de viver
e havia sadios que definhavam angustiados
pelo medo de sofrer.
A felicidade é amor, só isto.
Feliz é quem sabe amar.
Feliz é quem pode amar muito.
Mas amar e desejar não é a mesma coisa.
O amor é o desejo que atingiu a sabedoria.
O amor não quer possuir.
O amor quer somente amar.
Hermann Hesse
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NÃO ME LAVEM O ROSTO
Não me lavem os olhos!
Não; já disse não!
Deixai-me ver,
sentir, viver tudo em mim
mas não me lavem os olhos!
Deixai-me crer por mim
aceitar a realidade
mas não me barrem a caminhada
não me lavem os olhos!
Deixai-me sofrer realidade
ao sonhar fraternidade
mas... por favor...
não me lavem os olhos!
Sukrato
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