5.3.06

Para a Leonor S.


na noite escura escreve o seu poema alado,
interminavelmente escreve, ensimesmada;
e não levanta os olhos, presos ao passado,
do seu caderno negro de escrita assombrada.

na noite escura as velas no quarto fechado
recortam sombras de asas de uma forma errada;
mas ela escreve sempre o poema inacabado
e um monstro cego ensina-lhe a escrever do nada.

sangra em silêncio e invoca a noite escura e enorme
e escreve alheia aos vultos que em incertos passos
da noite imensa acorrem ao poema informe.

adensa-se-lhe o rosto em fomes e cansaços:
mas não levanta os olhos, e sangra, e não dorme,
até que o estranho arcanjo durma nos seus braços.

[fotografia de katia chausheva]

11 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Poema a condizer com o momento cinematográfico do Porto. Parabéns pelo blog.Um abraço.

5/3/06 16:05  
Blogger Goldmundo said...

pois... :( só que eu estou a perder tudo, mais uma vez. Um dia hei-de voltar ao Porto.

5/3/06 21:33  
Blogger Luisa Paula said...

Gostei de conhecer este blog.
Dá que pensar...

Um beijo

6/3/06 14:44  
Anonymous Anónimo said...

Gostava de saber quando voltas...

8/3/06 02:33  
Anonymous Anónimo said...

Oh lonellywolf sê bem-vinda!!! Já tinha sentido a tua falta!!! onde andaste?

um beijinho

8/3/06 14:14  
Blogger M.M. said...

Decidi fazer-te uma visita e gostei do teu blog.
Bjs.

9/3/06 10:52  
Blogger Luz Dourada said...

Olá Gold!
Lindo o poema...e tu?
Beijos.

9/3/06 17:10  
Blogger Goldmundo said...

Luisa, m.m.:

Bem vindas... :)

Lonellywolf:

Pois. Nada é fácil...


Luz, há quanto tempo...

11/3/06 14:09  
Anonymous Anónimo said...

Andei perdida, Sophia... Resolvi vir ver se encontrava parte de mim.

Acho incrível que alguém tenha dado pela minha falta!
(Grata)

Beijo

13/3/06 11:09  
Anonymous Anónimo said...

Não, nada é fácil, Goldmundo... principalmente se não pudermos contar com ninguém!
Nem sequer com um «alô» de quem, um dia, foi o nosso melhor Amigo...

(Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades / muda-se o ser, muda-se a confiança... né?)

Obrigada pela distância.

13/3/06 11:22  
Anonymous Anónimo said...

ENVELHECER

Quanto mais envelhecia,
quanto mais insípidas me pareciam
as pequenas satisfações que a vida me dava,
tanto mais claramente compreendia
onde eu deveria procurar a fonte
das alegrias da vida.

Aprendi que ser amado não é nada,
enquanto amar é tudo.

O dinheiro não era nada,
o poder não era nada.

Vi tanta gente que tinha dinheiro e poder,
e mesmo assim era infeliz.

A beleza não era nada.
Vi homens e mulheres belos,
infelizes, apesar de sua beleza.

Também a saúde não contava tanto assim.
Cada um tem a saúde que sente.

Havia doentes cheios de vontade de viver
e havia sadios que definhavam angustiados
pelo medo de sofrer.

A felicidade é amor, só isto.

Feliz é quem sabe amar.
Feliz é quem pode amar muito.
Mas amar e desejar não é a mesma coisa.
O amor é o desejo que atingiu a sabedoria.
O amor não quer possuir.
O amor quer somente amar.

Hermann Hesse

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NÃO ME LAVEM O ROSTO


Não me lavem os olhos!
Não; já disse não!
Deixai-me ver,
sentir, viver tudo em mim
mas não me lavem os olhos!

Deixai-me crer por mim
aceitar a realidade
mas não me barrem a caminhada
não me lavem os olhos!

Deixai-me sofrer realidade
ao sonhar fraternidade
mas... por favor...
não me lavem os olhos!

Sukrato

13/3/06 11:25  

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