A vaca
Hoje vou falar sobre a vaca. A vaca é um mamífero e o seu concubino é o boi. E pouco mais sei sobre ela, de modo que vou falar da maré negra do mundo, tal como vou dizendo na Maré Negra que é o meu outro blog.
Há muitas pessoas que não sabem da maré negra, porque pensam que o mar tem mesmo esta cor de preto sujo. Há muitas pessoas que pensam que são fraquinhas. Muitas que pensam que vamos lá com alegria ou sorrisos ou amor ou o perfume das buganvílias. Mas há também muitas pessoas que não são pessoas que não deram pela maré negra: são pessoas que pensam que o seu barquinho há-de subir com a maré.
E para essas, mais valia a vaca.
11 Comments:
Vislumbro uma certa irritação contra a pobre vaca... ou estás a confundir gado bovino com gado humano?
Para acrescentar aos teus conhecimentos sobre a vaca:"...tem quatro patas para chegar ao chão"; isto faz parte de uma série de anedotas - autênticas - do tempo em que os miúdos faziam redacções em vez de composições, num exame em que, se não dessem quatro erros de ortografia, eram admitidos ao 1º ano do liceu, e não ao 5º de escolaridade; e nesse primeiro ano do liceu eram iniciados no francês - e chegamos ao que interessa: QUANDO É QUE REGRESSAS AO FRANCÊS COM O DAUMAL, O MONTHERLANT, etc.?
P.S. - porque é que não cumpres o teu propósito de deixar a maré negra na Maré Negra?
Bem, na verdade a Maré Negra trata do que eu penso sobre o mundo. O que eu sinto - quer sobre mim, quer sobre o Daumal, quer sobre o mundo - é daqui.
E o Saint-John Perse. "Fierté de l'homme en marche sous sa charge d'éternité ! Fierté de l'homme en marche sous son fardeau d'humanité !"
Estive a ler umas coisas. Estás muito acordado. Muito mesmo.
Não sabia essas dos ecorces mortes. É muito interessante. Talvez seja a explicação que eu procuro para a mediocridade, diria mesmo maldição, deste lugar, em que acontecem coisas de forma diferente de todos os outros lugares do mundo em que se conhece e admira a palavra "coragem", desde a Europa às américas, passando pela África e com certeza Oceânia. Talvez seja mesmo isso, um mal sobrenatural. Na falta de explicação melhor, contento-me.
Andaste a ver "Uma Verdade Inconveniente"? Vi há pouco tempo. Vai ser preciso mais do que tirar os carros de Lisboa. Mas passa-te pela cabeça que aos políticos no concurso interesse o aquecimento global?...
É com alguma excitação que espero o primeiro furacão. Sabes, nunca gostei do frio. Especialmente daquele dos ares condicionados que antevêem o dia depois de amanhã. E como eles gastam energia, os parvos, se em breve terão neve por cima da cabeça?...
Al Gore diz que ainda vamos a tempo. Acho que é um apelo desesperado: quando vier a tsunami, nadem, nadem! Que outra coisa fazer, certo?
Ah. As gaivotas não são repugnantes. Aposto que não conheces gaivotas de perto.
Peço desculpa ao Saint-John Perse - onde quer que ele esteja - por dar às suas palavras um sentido que ele não pretendia, mas não consigo deixar de as sentir senão completando-as com as de S. Bernardo: "Fierté de l'homme en marche sous sa charge d'éternité! Fierté de l'homme en marche sous son fardeau d'humanité!" - "Nous sommes ici comme des guerriers sous la tente, cherchant à conquérir le ciel par la violence, et l'existence de l'homme sur la terre est celle d'un soldat".
E quanto à maré negra, deixo aqui o meu sentir - com a alma de Camilo Pessanha:
"Quem poluiu? Quem rasgou os meus lençois de linho
Onde esperei morrer? Meus tão castos lençois!
Do meu jardim exíguo os altos girassois
Quem foi que os arrancou e lançou no caminho?
Quem quebrou - que furor cruel e simiesco -
A mesa d'eu cear - tábua tosca e de pinho?
E me espalhou a lenha? e me entornou o vinho?
Da minha vinha o vinho,acidulado e fresco?
..............
gotika, sabes melhor que eu que não falar nem sempre é dormir. Voltaremos a falar das écorces mortes. De resto sim, não se trata (só) dos carros. Mas sabes que a hipótese do gelo é considerada improvável. E não é questão de gosto pessoal (eu preferiria-a ao calor). É a falta de água o nosso problema (mais urgente). As civilizações são frágeis.
Anónimo, o Bernardo teve como dizer isso porque era descendente directo dos Bárbaros. Daqui a 500 anos voltará a ser dito, espero. Quanto ao vinho derramado, depois se verá. Normalmente os amuados ficam onde estão.
Não foi pelos antepassados bárbaros que S.Bernardo soube da luta entre Jacob e o Anjo! Desses antepassados herdou, sim, o bom senso de saber que não era com sorrisos e buganvílias que se libertava o Santo Sepulcro da maré negra que o preocupava, mas sim com porrada!
Quem disse que estou amuada? Quando houver porrada contem comigo na linha da frente!
O que não me convence é esta história de denunciar... alertar... ou lá o que é que estás a fazer na maré negra. Por mais alto que fales, não falas mais alto que o Al Gore, a quem já toda a gente ouviu. Toda a gente está assustada, mas nem por isso deixa de ir de carro para Lisboa... fica á espere que seja o vizinho a deixar o carro na garagem! Quanto aos políticos - estão todos a tratar do tal barquinho que os mantenha à tona e são TODOS vigaristas! Quando descobrires a maneira de fazer um furo nos cascos dos respectivos barquinhos avisa!
O furo é simples, como se aprendeu na Câmara de Lisboa: dizer a verdade, e um barquinho ao fundo.
De resto, completamente de acordo quanto aos carros e aos vizinhos (já não tenho a certeza se, pelo menos cá, o Al Gore assustou alguém). E agora já não são os barquinhos, mas os superpetroleiros e os porta-aviões.
Voltemos ao francês, e ao Delfim de França, neto de Luis XIV, no fim da sua primeira batalha aos catorze anos:
"Dieu, que la guerre est jolie!"
Não é uma hipótese, pá! Chiça, o gelo vem mesmo aí!
Primeiro virá a falta de água, como é óbvio. Mas espera até o Ártico derreter....
O que me custou mais foi saber que os ursos polares estão a morrer afogados por nadarem 100 km e não encontrarem gelo onde descansar.
As pessoas que se fodam. Merecem.
De resto tens razão, o Al Gore, por aqui, não assustou ninguém, nem a mim que já sabia de tudo. Os outros (sempre os outros, o inferno são os outros) que não sabiam continuam a não saber.
Ah, e tens razão. Estar calado não é sinónimo de estar a formir.
gotika, a teoria actualmente mais consistente (mas estamos na aprendizagem inicial de coisas destas) prevê uma amplificação do tempo que a Europa teve na semana passada:
45.º da Itália do Sul até à Grécia e Turquia, e no centro de Inglaterra as maiores inundações em 125 anos. O que vai acabar é o tempo "temperado".
Ora a região de Lisboa está na pontinha da zona que se considera já como quase irremediavelmente em processo de desertificação: Alentejo/Estremadura espanhola/Andaluzia, etc. Dependente de dois rios (Tejo e Guadiana) que infelizmente nascem em Espanha...
Enviar um comentário
<< Home