26.5.04

as águas do tempo

As águas do tempo atravessei, geladas
e horrendas. Sim, eu, Dracula de Vlad, outrora
do sangue do dragão,
eu que um dia tive exércitos, espadas...
agora
as sombras o sangue... ah, a maldição!

As águas do tempo... Eu, Dracula de Vlad, antigo
Senhor dos exércitos de Deus,
o mar do tempo atravessei fiel, contigo,
contigo a arder
na minha boca, a arder nos meus
insaciáveis sonhos de vampiro,
em cada noite atroz em que me volto a erguer
e sombra nas sombras rondo e giro...

As águas do tempo... Eu, que noutra vida
de alma inteira me entreguei a Deus e à Cruzada
levando os teus beijos por única armadura...
Eu, a alma perdida
doida de Deus, por Deus abandonada
até na sepultura
quando a ti quis regressar, louco e vazio,
as águas do tempo... ah, as águas do rio...