Uma história para quem gostar de histórias, para quem souber ver e escutar. Para quem gostar de sair calado. A explosão das cores verdadeiras, do verde impossível, do rubro. O branco no fim. Os tambores iguais ao sangue. O canto da seda que desafia a lâmina da espada. Os olhos, as mãos, a curva, a graça intocada. O fio de sangue, a boca que é igual ao fio de sangue. O amor que chega ao fim, como chegam ao seu destino os punhais implacáveis. Porque para esse fim ele nasceu, para esse peito foi forjado o último aço.
Não vejo muito cinema, e tenho pena. Por sorte tenho visto, tantas vezes por acaso, alguns dos mais belos filmes que já se fizeram. O ano de 2004 foi para o mim o ano do "The Village", e dele já falei aqui. Para 2005 as minhas contas estão feitas: A Casa dos Punhais Voadores (o Segredo dos Punhais Voadores no imbecil nome que lhe dão em Portugal).
As imagens, a música: uma perfeição só ultrapassada pela beleza do olhar dela, das mãos dela (reparem-lhe nas mãos, e lembro-me de que já disse isto ao falar da rapariga do Village, e não é a única semelhança que elas têm).
Notas finais:
Estamos num mundo em que eu não posso fumar na sala de cinema para que o meu vizinho do lado tenha os pulmões suficientemente em forma para dar uma gargalhada no momento em que chorei.
Falei há meses da beleza cega do The Village e acabei a discutir o Reagan ou coisa parecida. Por favor não façam agora comentários sobre o futuro do jogo em Macau. Não quero saber. A sério, não quero saber. Não agora, não aqui. Quero pensar naquela dança assombrosa. Quero fechar os olhos e ver a floresta dos juncos. Quero abri-los e ver a tinta da china.
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