19.4.05

The charming coven

(À Venus Diablo, por tudo e por nada)



Não nos conhecemos? Nunca nos vimos? Mas aqui vão-se formando, devagarinho, laços entre pessoas que por isso não deixam de ser pessoas. Tâo diferentes, tão incertas. Nenhum blog é uma ilha, disse eu num dia em que estava tão triste. E é verdade. As coisas passam de mão em mão. Há falar e escutar, e as coisas que se dizem emergem uns tempos mais tarde, ditas de outra forma, sentidas por mais alguém. Encontramo-nos em casa uns dos outros. Partilhamos o mundo todo, sem ter que dividir coisa nenhuma. Estamos sós, e não estamos sozinhos. Reparem. Somos palavras escritas num écran. Somos isto que somos, e não sabemos explicar que somos. Somos a memória-link que se faz e desfaz ao ritmo dos dias grandes. Somos - sim, aqui somos por instantes the charming coven. . E haverá sempre alguém para trazer uma dança aos nossos passos parados.

[pintura: as quatro dançarinas, de Degas]