16.6.05

Oscilações

1. Diz um jornalista que com a morte de Álvaro Cunhal "desapareceu" uma forma de fazer política, "desfasada da realidade". Concordo com o "desfasada". Mas não desapareceu. Eu estou ainda mais "desfasado" do que ele estava, e assim continuarei se deus me der vida e saúde. Provavelmente mais ainda, porque à medida que envelheço vai-me faltando a paciência.

2. É verdade, no entanto, que a bolsa não oscilou sequer com a notícia da morte do velho comunista. E "os mercados" é que sabem.

3. Por falar em oscilações, a oscilação dos sacerdotes do inacreditável "Projecto Europeu" entre o choradinho e a chantagem é cansativa. Fico sempre com vontade de esperar pelo jornal de amanhã para saber em que ficamos. Porque parece que é preciso resolver a "ameaça" dos referendos.

4. No meio disto, eu também oscilo: entre o horror de um genuino aristocrata à "intervenção" política ou "cívica" e a indignação de um puro democrata com o excesso de hienas por metro quadrado. A caça às hienas tem, claro, a vantagem de fazer bem ao fígado. E às vezes penso que tenho andado a beber demais.

2 Comments:

Blogger Unknown said...

e diz o jornalista :
"a urna vai agora em direcção ao cemitério do alto de s. joão, pela rua morais sarmento"
ai acho que ele deu uma volta no caixão

16/6/05 21:54  
Anonymous Anónimo said...

o meu fígado está urtigoso de tanto licor beirão, nelinho. :)) agora mesmo, tou a arrotar ervas daninhas do salarento xarope português .

16/6/05 22:00  

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