1.7.07

Corvo


Lembras-te do Corvo - o filme?

Às vezes - quando a injustiça é grande demais, quando os chacais se alimentam dos olhos de ver - é permitido à alma voltar aos caminhos baixos da terra, aos caminhos densos dos homens. Às vezes o corvo é um pássaro de fogo a dançar.

Lisboa tem o corvo nas suas armas, e por isso se enganam os que a julgam desarmada, só porque desamada a deixaram. Lisboa tem a noite no sangue, e por isso se ergue na rua quando os palácios a querem dormida. Lisboa tem palavras de vento, e o vento sopra onde quer.

Que o corvo levante voo, juventude do negro. Que o corvo seja fogo a dançar. Abutres proclamados reis, vampiros de carnaval, mordomos das espumas mortas, já não há tempo para que as naus se não façam mar. Que o corvo enforme a tempestade, invocação do negro. Que o corvo seja luz de rasgar.

Ribeira Negra, Lisboa. Não tenho senão a ideia que faço de mim mesmo para me suster. Não tenho senão o grito do corvo.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

não sei mto bem o que te comentar.
há algo em ti de misterioso, de belo.
um beijo para ti.

6/7/07 00:41  
Blogger Goldmundo said...

Não em mim, fairy, não em mim.

beijo.

13/7/07 01:40  
Blogger Evil Angel said...

E as Rosas? Brancas ou negras... Mas bravas, sempre. Que é feito delas? Domesticaram-nas, deram-lhes uma estufa e disseram-lhes: Cresçam aqui. Que remédio tinham elas? Lisboa, suja e nojenta, bela e independente, achada e perdida, amada e odiada... Tenho saudades tuas.

30/8/07 13:50  

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