26.4.04

Nestes dias tenho andado ao mesmo tempo demasiado absorvido por um trabalho demorado e arreliante e demasiado disperso por coisas pequenas do mundo. Como acontece tantas vezes, deixei de me ver e deixei de me escutar. Imensas coisas chegam de fora e imensas coisas eu digo e faço, ou melhor, diz e faz, quase automaticamente, esta coisa estranha e familiar que é a minha sombra diurna. Cheguei ao ponto em que os outros me dizem que estou mais atento, e isso quer dizer para mim que ando de olhos vendados.

Deve ser extraordinário sentirmo-nos parte do mundo. Mas isso para mim é como ser mulher: será diferente, será igual? nunca hei-de saber. E porquê mulher, pensando bem? Todos os outros são abismos.