18.6.04

Elogio do Outono, em tempo de Junho maior

"When the autumn comes I'll be waiting for you"
(Birds of passage, by The Mission UK)


Eu entendo que nunca te sentiste tão livre como no dia em que ultrapassaste a correr o vento Norte. Que sabes bem que os anjos nunca foram beijados, e por isso o seu desejo é sempre mais forte que as asas inúteis. Que só te interessa o mar que traga consigo uma onda maior. E sei bem como é difícil não voar directamente ao sol. Mas fico com pena se já tiveres adormecido quando chegar o tempo selvagem das vindimas.

É verdade que as palavras brilham nas tuas mãos como se fossem cintilações de loucura. Que à tua volta anda já a canção irresistível das coisas simultâneas. Que os teus pés não sabem de caminho por que não valha a pena sangrar. E sei bem como é difícil não soltar de nós o grito aberto. Mas tu merecias estar pronto quando chegar o tempo perfeito da taça de vinho.

Hoje pensei que se tivesse de te ensinar de uma vez tudo o que aprendi, te diria para olhar em vez de tocar as estrelas, para escutar em vez de soltar as palavras cristalinas. E que se tivesse de te dar de uma vez o segredo das coisas vivas, te diria para meditar no mistério da maturação dos mundos. E sei bem como é difícil amarrar os póneis selvagens. Mas só saberás da alegria verdadeira se deixares chegar lentamente o tempo dourado da embriaguez.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Faço um juramento queria ter assas para voar até o Sol e além do horizonte para jugir de todos os problemas e obstâculos que a vida tem.
Prefiro acreditar nas cartas e cartomantes,nas ciganas e a vida que leva os nômades.
Acredito projundamente nos ciganos e nas ciganas.

31/5/07 22:11  

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