16.6.04

Lume

Faz da nocturna ribeira o espelho liso
em que inteira contemplas os cansaços,
e a dança adormecida dos teus braços
há-de acordar, serena, num sorriso;

e deixa em rosas bravas florir passos
que te tragam de novo onde é preciso:
ao fim incerto de um dia indeciso
onde te aguardem asas de anjos baços...

Perguntei-te o teu nome quando andavas,
altiva e frágil... linda... pelas ruas?
(uma vez, sem saber, deste-me lume...)

Pois não dês nome às simples rosas bravas,
nem as olhes sequer (elas são tuas
para o momento meigo do perfume...)