Durante séculos teólogos e filósofos discutiram se o mal tinha uma existência própria. Quer dizer, o mal existe por si ou limita-se a ser a ausência do bem? A maior parte das polémicas entre os primeiros católicos (digamos, os católicos dos primeiros mil anos) e os seus adversários centrava-se aqui. É claro que defender que o mal existe era importante para dizer, depois, coisas como "eu podia ter sido um santo ou um criminoso. Escolhi ser criminoso". (falei ontem desta frase noutro blog e entretanto lembrei-me onde a li. Anne Rice, evidentemente). Como quem diz, "eu podia ter ido pela direita ou pela esquerda. Fui pela esquerda..." Como se o mal fosse um caminho.
Hoje (alguém deu por ela?), voltamos a falar disso, mas ao contrário. Já não dizemos "isso é bom...", mas "não vejo que mal é que isso tem...".
O bem é hoje, apenas, a ausência de mal. E por isso a vida é apenas a ausência momentânea da morte. E, claro, que mal é que tem pensar assim?
Lembrei-me disto ao ouvir hoje, nas Amoreiras, este fabuloso diálogo:
- Gamei esta saia à minha irmã, sabes?
- Que mal é que tem? Fica-te tão bem...
14.7.04
Que mal tem, se te fica bem?
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