Construímos torres e muros e sinos de aviso e à noite tanto queremos dormir. Lá fora deixámos a cor má, a cor vermelha das bagas, a cor tremenda daqueles de que não falamos. Mas anda dentro de nós o sangue que é da cor proibida, o branco que quando quer sabe ser a cor mais terrível. "E eu, que não principio nem acabo / nasci do amor que há entre Deus e o Diabo".
Uma porta é sempre um espelho. De tantas coisas não sabemos falar, e não percebemos que elas nos voltam caladas. O silêncio tem duas vozes. E é tão difícil olhar a loucura olhos nos olhos. "Eu não sabia que o mal vermelho andava dentro de ti.". Entra, gémeo negro, diz-me ao que vens. Lucius ("feito de luz"), Lucifer.
As mãos vêem, os olhos tocam. Lá fora anda a criatura do medo e os meus olhos tão simples nunca puderam ver tanta coisa. Os cegos dizem que sou cega, mas sei a cor que ele leva calada consigo. Sei tudo o que há a saber. E não, esta noite não temerei as trevas baças.
The Village. Nós.
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