22.7.05

Sonhei isto:

Estava na Índia. Cidades enormes, multidões. A presença invisivel da Al-Qaeda. Comigo estão a Rainha de Inglaterra (sim, Isabel) e o marido, o velho Duque de Edimburgo. Não fomos juntos para a Índia, encontrámo-nos lá. Eu não sei bem quem represento, o Embaixador de Portugal hospedou-me em sua casa mas não tenho nada a ver com a República de Portugal. Sou mais antigo. Sou eu, e ao mesmo tempo sou a História, boa ou má, bem ou mal. Sou a presença de Portugal na Índia, anterior à da Inglaterra, e isso o Duque reconheceu quando nos cumprimentámos. Estamos numa rua larga apinhada de gente de todas as cores, há saris e turbantes e um grupo de japoneses de óculos e fatos azuis-claros, devem ser industriais ou senhores de guerra da Yakuza. Ao fundo da rua está um templo (usei no sonho a imagem belissima do Taj-Mahal) e é para ele que nos dirigimos: a Rainha Isabel, o Duque, um grupo de pessoas que vieram com eles e que são o rosto tão frágil da antiga Inglaterra, a Inglaterra eterna das fadas e das canções, dos poemas de Shakespeare. A Alegre Inglaterra, não a de Thatcher, não a de Blair. Loges era o seu nome.

E vamos descer a rua grande num carro aberto. Talvez haja alguém que vá dsparar, que importa? Talvez vá morrer a velha Rainha, talvez o tiro seja para mim. O que improta é descer a Rua, o que importa é atravessar a multidão que nos olha como se aguardasse o destino do mundo. Se chegarmos ao templo talvez haja paz.

Reparo numa rapariga ao meu lado. Veste de negro, calças de combate e botas, no copro leva coisas de prata e coisas que parecem sangue. O cabelo é mal cortado e sujo como se fosse uma prisioneira. A filha mais nova da Rainha, diz-me alguém. A vergonha da família real. Revoltou-se contra o Palácio.

Ela está agora caída no chão, soldados dão-lhe pontapés. A multidão continua a olhar. E o templo mais perto, o tiro que não chega, o olhar do velho Duque. O medo no olhar do velho Duque.

Eu disse à rapariga uma coisa muito importante. Nâo me lembro o quê, e depois acordei. Talvez lhe tenha dito "levanta-te". Talvez tenha dito "és tão bonita". Sei que fiquei parado. Sei (tão estranho) que todos os diálogos deste sonho foram tidos em francês. Quando acordei havia uma frase francesa que eu completei como se fossem versos que soubesse de cor.

Quando tenho sonhos de madrugada acordo a tremer.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Pois, para mim, a rapariga é um soldado temporariamente abatido, mas está a recuperar forças. Espera pelo poder da lua para prosseguir a sua luta. Não é uma guerreira da luz, mas também não é uma guerreira da escuridão. Está num meio-termo entre os dois.

Vera

25/7/05 16:29  
Blogger Pe.T.C. said...

Pesso licença para linkar o seu blog no meu... claro que gostaria, se o meu lhe agradar, que retribuisse.

www.tocarlos.blogspot.com

26/7/05 23:11  

Enviar um comentário

<< Home