Agosto - o mês que tem a forma de um túnel. Detesto isto. Agosto foi feito para o Mediterrâneo grego e romano: o mundo de casas brancas, silêncio, o céu e o mar azuis escuros, azeitonas e vinho. Fora do Mediterrâneo e fora da Antiguidade é apenas o tempo do disparate: uma espécie de Carnaval alargado com demasiado barulho, demasiadas corzinhas, demasiado "divertir".
Há a praia, claro. Para mim é ainda mais obscena do que o resto.
Um túnel. Ao longe Setembro, o novo ano anunciado pelas uvas. Outubro, o mês da doce cerveja preta. Ao longe as coisas são sempre melhores.
32 Comments:
Sabes caro Gold. Agosto também não dos meses que mais me fascine (aliás é o que menos me fascina mesmo...) mas tenho descoberto outras coisas...
descobri o sabor das amoras apanhadas das silvas num final de tarde de maresia... (as crianças que brincam e que mostram as línguas tingidas de preto para ver quem comeu mais...)
...isso só acontece em agosto... descobri que agosto também pode ser bom!
(ah! e gosto de corzinhas mesmo no inverno!)
Ainda bem que existe o mês de Agosto... porque depois vem Setembro e o Outono...o tempo ameno! Ao longe é sempre mais facil... Sonhar ainda não paga imposto!
bem, Agosto é mês de férias de noites quentes de passeios na serra ou na praia e na cidade calminha. Eu também gosto muito da luz de Outubro e da Primavera mas onde está o fascínio de Novembro ou Fevereiro é que nunca ninguém explica...
e eu gosto muito de Novembro e do verão de S. Martinho e de Fevereiro bem frio mas com dias a ameaçar que a primavera não tarda.
Na verdade gosto de todos os meses e nunca entendi como se pode embirrar logo com os que são dados ao descanso ":O)
Gold
e o luar?
A ideia de que o Agosto é um mês "dado ao descanso" tem qualquer coisa de rebanho que me assusta. "Destinos paradisíacos" quero ter depois de morrer - não antes. Tudo se presta a um mundo de "faz de conta".
As amoras da sophia são uma coisa boa, mas ainda as haverá em setembro. E o mar aguarda-nos sempre.
Não. O Agosto faz-me lembrar a frase fabulosa que li há tempos numa revista para a mulher moderna: "habitue-o a ser surpreendido!".
e ficas convencido que sais do rebanho por repetir isso?
eheheh
desde que me conheço que oiço gente a dizer isso. São os mesmos que também não se divertem nas passagens de ano ou carnaval ou santos populares.
Perdem uma coisa muito mais simples: a capacidade de se gostar das pequenas coisas da vida apenas pelo que são.
Mas é claro que há um outro aspecto nisto: somos assim- não nos basta o que é dado- o spleen é uma recusa esteticista. Sem ele não passávamos de uns tontinhos alegres.
o difícil é encontrar o ponto certo em que esse spleen ainda é criativo ou também já foi massificado
Não é verdade?
e, como é óbvio o descanso não se reduz a "destinos paradisíacos" o descanso é a grande fonte de aprendizagem de tudo o resto...
(incluindo desse olhar otonal)
outonal
Não (respondendo à primeira pergunta da Zazie). Não fico convencido de coisa nenhuma. Não preciso de sair do rebanho. Longe dele, como me alimentaria?
pois será em parte verdade. Mas já pensaste que se olhares demasiado para o rebanho esqueces o mais importante- o mundo para além dos pronomes pessoais, a começar pelo primeiro?
Não existe um mês de Agosto com defeitos por sua natureza. Aceitar isso seria aceitar que Deus quando chegou aí também decidiu entrar em franchising ";O)
conclusão: é sempre necessário afastarmo-nos de nós próprios de vez em quando.
(o tal famigerado descanso também pode servir para isso)
Argh!
Também hoje escrevi sobre isso, e disse exactamente o contrário!
Aguenta-te que é bom!
A praia também é boa, mas só de tarde. De manhã é muito cedo, dass!
a praia tem muitas horas diferentes. Ao amanhecer, aoa nascer do sol é fabulosa. Depois, por volta das 10.30 é a hora a que sabem melhor as bolas de berlim seguidas de um mergulho (a a´gua ainda está a aquecer). Entre as 11 e o meio dia o segredo está no sol e no modo como esticam na pele.
Daí em diante é para se gozar o mar e as ondas (há mil e uma diferenças nas ondas e todas têm o seu segredo). E depois existem as marés. A maré vazia ao fim da tarde, por volta das 5.30 é a melhor. Volta um sol parecdido com o das 11 mas agora com tudo a descansar do aquecimento. É a melhor hora para se passear à beira mar e ir para as rochas. Bom, e não conitnuo porque a praia espera-me ";O)
Não percebo o que é que o mar e a praia têm a ver com Agosto. É porque os outros estao todos lá?
O contrário de quê?
O que é que o mar e a praia têm a ver com Agosto? Nada de extraordinário. Na Austrália, a praia celebra-se em Dezembro, como o Natal.
É porque está calor, duh! Experimenta passear de calções (só de calções) em Janeiro e perceberás porquê bem depressa. :>
Porque é que os outros estão lá? Porque têm dinheiro para o bilhete/carro/gasolina, whatever.
Se eu tivesse, também ia. Mas este ano isto está mau. Vou armar-me em gótica e não ir à praia.
E já agora (pela mesma razão) vou aramar-me em gótica velha e não também não sair à noite porque "a cena já não é como era dantes" e prefiro ficar em casa a ouvir velharias (e a não gastar dinheiro).
aahhaha que esta gotika é bem engraçada. Fala rápico e certo. Está visto que Agosto não tem nada de especial para a praia a não ser o facto de se ter tempo livre e férias e o tempo estar bom para isso ":O))))
Não me façam acreditar que o mundo se está a desmoronar :(
1. Será por eu ter nascido noutro lugar? Habituei-me a andar junto ao mar em março e abril, em outubro e novembro, em manhãs de nevoeiro e fins de tarde. O vento, o sal, às vezes a chuva inquietante. Também o sol, claro, a lua. Sítios amplos, vazios, pedra, ondas grandes, o cinzento e as suas cores. O MAR. Também há as batatas fritas e os castelinhos na areia e a bola, claro. Mas deixei de lhes achar graça aos dez anos.
2. As férias são em Agosto porquê?! Vocês são juízas ou funcionárias judiciais? :P
3. Eu falei de não gostar de Agosto (não me referi à praia nem para dizer que sim nem que não). Dizer "gosto de Agosto, a praia" é dar-me razão. É ver num mês uma alma que precisa de uma coisa para falar. É como dizer, "gosto de Dezembro, os centros comerciais de Natal", "gosto de Junho, os campeonatos de futebol".
4. Agosto numa cidade é, então, particularmente insuportável. As pessoas riem mais alto (até os góticos, ou os que querem sê-lo). Usam chinelocas. Usam cores impensáveis. A música de escravos (tum-tum-tum) atordoa todos os cantos. Turistas espanholas aos berros atravessam-se nos passeios à nossa frente. As ruas cheiram a lixo apodrecido ao sol. Os pombos ficam insolentes. Os cartazes anunciam bebidas e festivais (festivais, por amor de deus). O ar brasileiriza-se. Não se olha para lado nenhum sem ver um umbigo. Os velhos, coitados, gemem mais (têm razão, mas eu ando cansado).
“Turistas espanholas aos berros atravessam-se nos passeios à nossa frente. As ruas cheiram a lixo apodrecido ao sol. Os pombos ficam insolentes. Os cartazes anunciam bebidas e festivais (festivais, por amor de deus). O ar brasileiriza-se. Não se olha para lado nenhum sem ver um umbigo.”
Ahahaha Goldmundo, tu és muito engraçado. Grande parte disto é verdade mas está a escapar-te o resto.
E vamos por partes: eu, por exemplo, gosto de que tu enumeraste. E passear na praia em Dezembro e nunca me passaria pela cabeça que só em Agosto quando vai o maralhal todo é que me lembrava de ir à praia.
Mas há coisas mais óbvias. !- as férias. E não só para juízes 2- o bom tempo para nadar! E praia não é só passear, é mergulhar, nadar, andar nas ondas. Sem isso é passear como se passeia no campo. Quem passa a infância à beira-mar nunca esquece isto.
2- Também não gosto de multidões, principalmente em férias. Mas há lugares lindos e pacatos. E são-no porque são secretos. Por isso não te vou dizer.
3- Mas há alturas em que gosto do que tu não gostas- como a passagem que destaquei no início e a das datas obrigatórias.
Começo por esta última. Gosto dos festejos “obrigatórios” como o carnaval e a passagem de Ano. E isso significa mascarar-me no primeiro e andar em festejos pela rua (anda ao tempo a desafiar os “caretas” dos meus amigos a irmos a Orense no Carnaval. Porque esse banho de mundo-às-avessas pode ser uma coisa muito genuína, ao contrário do que tu dizes (ou então porque ainda não perdi o gosto pela bola de Berlim na praia... vai dar ao mesmo. E quanto mais velhos estamos mais me parece disparatado antecipar a letargia “:O))
Agora os turistas. Uma vez escrevi uma treta qualquer sobre o olhar do turista lá na Janela Indiscreta. Pois eu gosto desse lado folclórico dos turistas nas cidades.
E sabes porquê? Porque imagino que se não fosse férias essa gente era tão igual a tudo o resto e enfiava-se no transporte com ar sorumbático morta por se fechar em casa. Mas nas férias- e em Agosto, sob efeito da oficialidade do dito turismo- os tipos são capazes de olhar para os prédios, para as pessoas, para tudo o que é banal nos outros dias do ano e ficam maravilhados e felizes.
E tiram fotografias e filmam recantos com olha estético e descobrem sem pensar no assunto que o que nos rodeia também pode ser festa e arte e que esse efeito está apenas na nossa predisposição.
Por razão idêntica gosto de uma passagem de ano na rua. Este ano foi em Trafalgar em Londres com todo o tipo de gente e mais os meus. E que tem isso de especial? Tem que até és capaz de aceitar uma taça de champanhe de uns espanhóis que se sentaram no degrau do passeio ao teu lado e decidiram fazer um mini picknick na rua. E depois misturas-te com gente que noutra situação te seria indiferente ou hostil. E fica tudo junto a desejar felicidades ao próximo. O sr doutor tuga e mais o larápio inglês (muito provavelmente) e os turistas chinocas e os franciús. E o diabo da festa não se torna cretina nem programada nem soa a falso. É espontânea e sabe mil vezes melhor que ficar em casa a olhar para o televisor e a dizer mal do divertimento dos outros “:O)
bjs
e sabes outra coisa?
não sou lá muito católica mas ainda assim tenho uma noção de sagrado. E sempre achei que era pecado desperdiçar-se o que nos foi dado.
Quando alguns amigos começam com esse paleio gasto digo-lhes que podiam estar doentes ou pernetas e aí davam valor ao que desbaratam por snobismo.
mas eu sou uma irremediável hedonista...
áh e Agosto numa cidade como lisboa é uma maravilha. Tenho o prédio vazio e é na única altura do ano que não sou obrigada a aturar as cavalgaduras de cima ":O))
Oh Goldmundo e que tal "ver para além" daquilo que não gostas???
As pessoas são as mesmas... lindas mas com chinelos...
Em vez de lamúrias porque é que não tentas redescobrir o Agosto... há sempre uma novidade à espera mesmo naquilo que não nos parece agradável à partida!!
e tu tens a criatividade da descoberta e da procura do essencial... (tenho a certeza e sinto-o)...
vamos...é só tirares a "trave do olho"!
Um abraço amigo
Agora nem se pode RABUJAR em Agosto :(
é que são mesmo rabujices querido gold!!! he he he
As coisas são tão simples...
olha... e hoje não está tanto calor!!! é bom né? é bom surpreendermo-nos com os Agostos... são todos diferentes...
Desculpa se te ofendi... não era minha intenção... mas também coitadinho do Agosto... só por ser quente...
um abracinho quente como o Agosto... he he he
ehehehe
tão engraçado o Goldmundo. Realmente... até parece obrigatório andar tudo contentinho com a prainha. Faz-me lembrar aquela cena do Transpoting quando os tipos se lembram de ir passear até à Escócia e chegam lá, olham para aquele deslumbre todo e até ficam enjoados. Que lindo, é lindo! e vão logo meter para a veia ":O))))
mas a Sofia também foi tão divertida
"é bom surpreendermo-nos com os Agostos" "são todos diferentes"
até dava um reclame:
uns mais diferentes que outros mais ainda assim são todos ao meu gosto
eheheh
":O)))
...fizeste uma careta!!!! não gostaste do abracinho de Agosto foi????... he he he
Tou só a meter-me contigo Gold.! (e comigo também)
As coisas são tão simples...
Zazie por acaso até não gosto muito de Agosto! mas acho que é nas coisas que não gostamos que redescobrimos outras que gostamos muito!
O segredo é "reinventar" as coisas acho!!!
Agosto é o mês em que eu falo de o meu gato ter ficado CEGO e responderem-me com praia e bolos.
Mas já vai a meio, graças a Deus.
Desculpa Gold. não sabia que se tratava do teu querido gato!!
Acho que vou ficar em silêncio por estas bandas... ando a "falar" demais e de uma forma estouvada... penso agora...
desculpa se te magoei com alguma das minhas palavras... não era intenção juro!
um abraço
espero que estejas bem!
bom , pela minha parte também me afasto, até porque não gosto de passar por indelicada.
Já agora, certifique-se que o comentário acerca dos bolos na praia foi feito no dia 3/08 às 12.11 PM e o post que contava a história do gato muito posteriormente: dia 5/08
Também não estou habituada a este tipo de questões demasiado pessoais na blogosfera
De qualquer forma sempre que quiser ir ao Cocanha será bem recebido.
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