24.8.05

Sob os arcos de pedra



Sob os arcos de pedra não anda a noite a correr. Por isso gosto de estar, momentos em que sou como se não fosse. Há luzinhas vermelhas a rodar no chão, na parede um desenho que ninguém deve ter olhado: é preciso parar num certo sítio para o encontrar. Mas é assim com tudo o que o mundo tem.

Eram três, e com elas estavam rapazes com cruzes orgulhosas e qualquer coisa de outros tempos. Eram três e vestiam bocadinhos de negro como se ainda não tivessem a certeza, como se ainda não quisessem largar o verde e o branco e o azul. "Só tenho dezoito anos" disse uma perto de mim, e sorriu como se o mundo fosse feito de tantas coisas. Como se o negro fosse uma coisa entre tantas, e não a coisa de que as coisas todas são feitas. Eram três e dançavam e riam e foram até beber um shot como se aquele fosse um momento especial (e era). Sob os arcos de pedra, sob os arcos que os braços lhes faziam quando dançavam em roda, indiferentes ao resto como só na noite podiam ser. Se houvesse fadas na irlanda, se houvesse noites assim.

Sob os arcos de pedra eu olho, e quando olho parece-me que ando sozinho. Eram três, sim, e eram como se fossem a mesma. E era eu, como se fosse o mesmo também.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

sim existem fadas Gold.!

e sim... existem outras cores para além do negro!

25/8/05 13:58  

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