A experiência da Maré Negra. Tem tudo para não servir de nada. Não vou ter tempo. É estranho, tantas coisas a dizer e nenhuma vontade de discutir. Cada dia que passa aumenta a distância que o mundo tem comigo. Evito os blogs de "actualidade política" como se fossem cães famintos. Ouvir falar em Barnabé ou em Blasfémias é como ouvir falar no guarda-redes do Boavista ou no árbitro do Penafiel - Campo de Ourique. Os jornais não desistem de pôr fotografiazinhas de comentadores com a mão apoiada no queixo, acho que isso foi inventado pelo António Barreto e copiado pelo Paulo Portas. E no entanto antigamente até os lia. Como mudei, como fiquei o mesmo.
O mundo actual impele à acção, e impele à constatação da suprema inutilidade de toda a acção. Releio Raymond Abellio, que compreendeu isso bem no já longínquo ano de 1943: doravante a política será a desvergonha, a acção política será a palha no vento. Releio Julius Evola; chegou o tempo de cavalgar o tigre. Ontem escutei, na missa, uma pequena meditação bem conduzida sobre a diferença entre "ter" e "ser". Tudo o que eu faça é do domínio do ter. Importa só o que seja.
E é essa a armadilha do mundo moderno: Ser, como uma forma de acção - em vez de agir, como uma forma do que se é. Não tenho a certeza de estar a escapar-lhe, e a palavra "escapar-lhe" já está irremediavelmente errada. Maré Negra: nomear as coisas, ensina a Bíblia, é ter poder sobre elas.
7 Comments:
Há sempre o derradeiro esforço de permanecer ligado.
Lê também René Guénon: "O Mundo Moderno".
Perdão, o verdadeiro título é: "A Crise do Mundo Moderno".
Embora tenha muitos pontos de vista com os quais não concordo (no que respeita a religião), nem porisso deixa de ser uma obra de um grande visionário que previu, nos anos 50, a dimensão catastrófica do mundo actual.
Sim, Help :) Conheço o Guénon. E também penso assim. É, digamos, a penúltima verdade...
Parece que a Maré Negra tem bastantes adeptos, Gold. :P
Goldmundo
Estou curiosa! Se referes a "penúltima verdade", então é porque sabes qual é a última. Partilha-a comigo.
A última verdade é Cristo, necessariamente.
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