Um sonho.
Estou a dormir, tocam à campainha, desço à rua. É o Engels, com a sua barba inconfundível, o seu fato aprumado. O Engels veio ver-me porque está muito contente. Proximamente vai casar com o Marilyn Manson. Haverá uma festa e eu, claro, não podia deixar de ser convidado. Vejo ao fundo da rua o Marilyn Manson, que não conheço pessoalmente, e penso que tenho de o ir cumprimentar, talvez quando deixar de falar com aquelas pessoas que devem ser amigos deles. Estou contente pelo Engels, embora não goste muito de festas de casamento.
A rua está cheia de pessoas que eu conheço, daqui e dali. Como acontece tantas vezes nos sonhos, como acontece no fim da peça de teatro quando os actores todos estão ao mesmo tempo em palco, os vivos e os mortos, os bons e os maus. Tantas pessoas, tantas partes de mim.
As pessoas todas falam. Falam do Engels, do casamento, do escândalo. Todas têm qualquer coisa a dizer. Umas não querem que dois homens se casem. Outras não suportam que o chefe da Revolução case com aquele maltrapilho duvidoso. Outras não admitem que o seu ídolo case com aquele velhote gorducho. Todas falam e todas olham para mim como se precisassem de que concordasse com elas, como se me estivessem a testar (a detestar?). O Engels continua muito contente, como se não soubesse que as pessoas estavam ali à volta. E a M. está ao meu lado vestida do seu negro de sempre. "Vês?", diz ela. "Tão simples. Gostam um do outro. E as pessoas dizem coisas estranhas e eles vão casar na mesma. Também estou contente, sabes?". E eu sabia, sim.
Sempre me aconteceu ter sonhos curiosos. Mas este explica-se por si, não é verdade? Águas de Abril, rosas de Maio. Depois volto a falar um bocadinho de tudo isto.
3 Comments:
Um vivo celebra um contrato com um morto...
O sono da razão gera monstros.
Saudações Gold.
Há muito que não te via, Tiger-claw.
Tiger :) saudações também.
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