É sempre quando vou jantar que devia ficar a escrever. Mas o que interessa é lerem a gotika, aqui
I'll be back.
Não tenho senão a ideia que faço de mim mesmo para me suster nos oceanos do nada
Henri de Montherlant
É sempre quando vou jantar que devia ficar a escrever. Mas o que interessa é lerem a gotika, aqui
I'll be back.
Não posso estar mais de acordo. Imigrantes para a Europa, já.
Há uma palavra (não me lembro dela em português) que os espíritas usam pra descrever algo como "cascas vazias deixadas pelos mortos", fragmentos-coisas que já foram pessoas (vivas) e não são inteiramente almas (vivas também). Detritos do mar do espírito, sujidades de entre-Terra-e-Além, écorces mortes.
E lembro-me das palavras de um grande ocultista francês: "Portugal, submerso nas écorces mortes da Atlântida".
Infelizmente sei pouco de ocultismo, e muito pouco da Atlântida. Mas de Portugal sei o suficiente. Imerso em detritos, sim. Imerso num nevoeiro mental que paralisa, que não deixa ver, que não deixa agir. Não era Salazar que paralisava, não era o rei que paralisava, não era a inquisição que paralisava. Vivemos na Terra-de-não-ser, Avalon-ao-contrário. Miasmas.
Somos um país enrolado em si mesmo, purulento e manhoso como os mendigos da porta de igreja. Talvez tenhamos invocado demais as gaivotas, cantado demais as gaivotas, esses abutres-do-mar: talvez nos faltem as grandes cidades da Europa, as grandes montanhas da Europa. Talvez apenas nos falte aquele mínimo de vergonha que caracterizou os judeus e depois deles os protestantes, que inventaram a palavra "ética".
Pior de tudo: falamos que até faz impressão.
Em algum momento na História deve ter havido um erro terrível. Ou talvez seja mesmo a Atlântida.