O maior mistério é haver coisas que o não são, coisas que fazem sentido. Porque é que há alguma coisa em vez do nada? Porque é que há algumas coisas que compreendemos? Porque é que é possível fazer perguntas como estas, mesmo que para elas não haja resposta?
Gostava muito de pôr na Ribeira aquilo a que a Igreja chama a meditação dos mistérios. Muitos dos que aqui passam não acreditam nestas coisas estranhas, escolheram acreditar noutras talvez mais bonitas, não sei. Mas vou falar delas à mesma. São vinte (durante séculos foram quinze, são vinte desde há dois anos e as coisas que afinal mudam na Igreja não são sempre aquelas que nós pedimos que mudem). São vinte mistérios que contam histórias que tantas vezes são mal contadas porque se complica o que é simples (não há nada mais simples do que um mistério, é um mistério e pronto). São os mistérios da alegria, da glória, do sofrimento e da luz, cinco de cada. É deles que somos feitos. Mesmo quando mal damos por isso.
E portanto, um por um, vou-lhes pedir para falar. Os primeiros serão os mistérios da alegria, porque eu tenho andado triste outra vez nestes dias.
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