Dez anos passaram sobre este fime, e ao fim de dez anos ainda me custa pôr o nome que em Portugal recebeu, Rápida e Mortal. Para que se perceba, Russell Crowe, Sharon Stone, Gene Hackman, Leonardo DiCaprio, e que grande grande filme, mais um que fez em mim as coisas que sou.
Um western que está para os westerns clássicos como a versão do "Gimme Gimme Gimme" dos Beseech está para a canção origal dos ABBA, se alguém sabe de quem estou a falar. Tal como me aconteceu com o The Village no último Outono, não sei contar a sua história. Ao contrário do The Village, não sei de muitas imagens para mostrar.
Era uma vez uma cidade chamada Redemption, uma cidade onde só se ia para matar e de onde só se saía morrendo. Uma cidade onde os homens vestiam de negro e de prata, as mulheres eram ruivas e usavam vestidos às flores, e as balas e o vento assobiavam a mesma canção rápida, a mesma canção mortal. Era uma vez uma cidade que tinha um Senhor. E era uma vez um forasteiro.
Rápida e mortal, sim, rápidos e mortais eram ali todos os homens, e as balas e os beijos eram sempre como a última bala e eram sempre como o primeiro beijo. Mas não é disso que se trata, pois não? Se não o perceberes não entendes porque é que os pistoleiros vestiam casacos compridos de cabedal e cabelos soltos como as asas do corvo, porque é que o crucifixo do padre foi igual aos seus olhos de cinza, porque é que o Senhor se chamava Herodes, Herod.
"E virá do céu para julgar os vivos e os mortos", dizem os católicos no seu Credo, "to judge the quick and the dead" se quisermos falar em inglês. Os vivos e os mortos, sim, porque para os outros there is no Redemption out there.
Era uma vez o Oeste, uma cidade chamada Redemption. E nunca a Sharon foi tão bonita, nunca a morte soube dançar assim.
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