3.1.05

Èesky rozhlas Ostrava

Pois também não sei o que é isto, talvez seja checo ou talvez seja lituano, pode ser um nome e é o que agora estou a ouvir na rádio, música triste que parece também ser uma tristeza antiga, como se coisas que vieram ter comigo esta noite me tivessem levado de volta aos anos setenta, aos anos de antes dos meus anos. Também não sei o que é isto dentro de mim.

Eram oito e pouco da noite e passei no Chiado, as coisas estavam bem ia contente. Sabem os dias em que começa a chover e não tínhamos sequer reparado nas nuvens a chegar? Assim foi a tristeza que sobre mim caiu e não sei de onde veio. "Nas nossas ruas ao entardecer / há tal soturnidade há tal melancolia...", seria isto que o Verde sentia, era ele negro como eu fiquei de repente? Não sei.

Como de costume dividi-me entre uma coisa que enegrecia e uma coisa que enregelava. Gostava muito de saber explicar. Ouvi uma música que me deixou pior, passou por mim uma rapariga com uma saia negra comprida que me deixou mais calado. Ouvi rir, e não me fez bem. Tomei um café e folheei o jornal, queria responder ao Prado Coelho mas não tive forças para pensar. Andei devagar e olharam para mim como se os atrapalhasse. Ouvi outras músicas aqui e além, vim trabalhar mais um bocado e amanhã vai ser uma manhã difícil. Queria ter a noite comigo, noite de andar. E agora estou a ouvir uma rádio que talvez seja checa talvez seja de uma terra de que me esqueci. Esqueci-me de tanta coisa.

Renova-me, porque tudo o que há dentro de mim necessita ser mudado por ti. É difícil explicar.