(de um conto esquimó sobre a criação do mundo)
Desejou o corvo, sim. Fome de luz teve ele, na noite o grito das suas asas rasgadas. Abismo chamado amor: mistério de ver, que é anterior à luz.
Entendes porque é isto terrivelmente importante? Nenhum deus benevolente carregou no interruptor em resposta à oração do corvo. Não nasceu a luz da terra, não abraça de fora as coisas acabadas. Mas é no desejo da luz que resplandece e nasce o mundo. É na beleza - ânsia e fome da verdade - que são verdadeiras todas as coisas. Ao princípio houve um deus com fome, e houve as asas, o voo eterno das asas. Rasgado na noite o corvo canta, para que sejas.
2 Comments:
parece uma oração...
voltei a reler Simone Weil e lá encontrei o que já encontrara antes... o que depois encontrei aqui e não retive...
o corvo canta sempre, a dor do corvo no cântico imóvel e quieto. e no nada, no desejo do corvo que era nada a luz...
abraço
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