17.5.04

A Paixão e o Milagre (II)

Tenho de corrigir uma coisa que disse ontem. Não é (só) com base nos Evangelhos que Gibson fez o filme, claro. É também (como toda a compreensão daqueles factos que os católicos fazem) a partir dos livros que integram, com eles, o chamado Novo Testamento: os Actos dos Apóstolos e as Cartas (principalmente as de S. Paulo).

O significado da morte do Cristo não foi muito claro para ninguém à volta dele, mesmo depois de o terem visto ressuscitado. Esse significado, cuja compreensão não é o resultado da inteligência mas da acção do Espírito Santo ( de cuja existência nem sequer se suspeitava), apenas se torna claro para os discípulos depois de terem ocorrido as coisas que os católicos celebram numa festa chamado Festa de Pentecostes. É só a partir daí que a história se torna uma história completamente diferente daquela que os judeus esperavam (e esperam ainda) que aconteça. Na minha opinião, uma história mais bonita, e infinitamente maior.

Podemos dizer que S. Paulo estava enganado. Podemos dizer (como esse livro que agora anda nas montras, o Da Vinci Code) que Madalena era uma data de coisas e Cristo também. Podemos dizer o que quisermos. Também podemos (e os que são católicos acho muito bem que o façam) dizer aquilo que o Gibson disse.

E podemos dizer, claro, tudo aquilo que disse o meu inestimável frei Bento, que não é muito diferente daquilo que dizem afinal quase todos os professores de teologia. O que me faz concordar com o grande, o muito grande Carl Jung: "a teologia resulta da falta de fé". E Jung não era católico.