25.2.05

Da minha janela vejo o inconsciente Douro...



Há pessoas que sabem quem são, e não o sabem ser. Outras há que sabem ser o que são, mas ignoram aquilo que sejam. Ontem pensei nisso, e pensei nestes dois retratos, separados por quase cem anos, separados por todo um mundo. A mulher à janela de Caspar David Friedrich, a rapariga à janela de Salvador Dali.

É fácil dizer que representam um a prisão e o outro a liberdade, fácil dizer que em ambos a mesma coisa se diz, a distância. Teria Dali adivinhado os versos de Pessoa, "fitando a proibida azul distância..."? Não sei.

Não sei não, mas sei que não há mundo que não tenha para nós uma janela antes dele. Ninguém sabe quem seja, sabendo sê-lo. E ontem soube a minha diferença: não sei quem sou, e não sei ser esse que ignoro quem seja.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ai gostei desta frase: "não há mundo que não tenha para nós uma janela antes dele". E há janelas que se podem saltar com certa facilidade, para outras é preciso estar disposto a arriscar bastante, e desde outras é mesmo impossível saltar... só se pode olhar. (Ao menos isso.)

21/3/05 18:02  

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